O Morro do Penedo e suas lendas fantásticas

by - fevereiro 23, 2022



Nesta semana fui um pouco mais ousada em meus passeios de bike e atingi o limite que fica quase no Centro de Vitória: a misteriosa pedra do Penedo. A pedra fica perto da Beira-Mar, uma das avenidas mais movimentadas da cidade. Para quem gosta de aventura o passeio é um prato cheio. Venha conhecer suas histórias e lendas!

Penedo significa rocha grande. No Espírito Santo, o monumento é natural de Vila Velha e patrimônio paisagístico de Vitória. A vista da Capital é um espetáculo. É um  belíssimo cartão-postal  e quem tem a oportunidade de escalá-lo terá uma magnífica vista da baía de Vitória. E você pode multiplicar a beleza do rochedo ao amanhecer ou entardecer!


A bela Baía de Vitória e o Penedo ao amanhecer ou entardecer


Para poder chegar até o Penedo você precisa ir de barco  numa viagem que é bem rápida. O local tem um guardião  chamado Aguinaldo de Moura que mora ali há 49 anos. Ele disse: 

 "Sou de Colatina e vim para cá aos 18 anos. Fui tentar a vida na cidade grande e não consegui... Passando por aqui me encantei por esse local"

A principal renda dele é fazer a travessia de barco para os turistas que vão conhecer o Penedo. 'É um lugar tão bonito, com uma energia tão especial que acabamos recebendo as pessoas", conta Aguinaldo.

Casa no Penedo onde Agnaldo Moura vive há 49 anos


Para quem visita o ponto turístico, pode curtir a tranquilidade de frente para o mar e ainda presenciar uma das cenas mais icônicas do canal de Vitória, os navios passando.  Sim, os navios são um espetáculo à parte. 


Os gigantescos navios na Baía de Vitória do lado do Penedo



Para quem prefere  uma aventura mais radical, ou seja subir a pedra,  será  necessário enfrentar uma trilha de 10 minutos até chegar na base. Depois são 130 metros através de uma escalaminhada com auxílio de cordas. 

Mas todo esforço é válido. Do alto dá para ver a extensão toda da cidade. Uma cena linda, para não esquecer jamais! Eu não escalei mais meu passeio de bike já teve a adrenalina necessária. 

Nestes tempos de violência, andar de bike  sozinha nas cidades virou uma aventura perigosa. Mas graças a Deus deu tudo certo e estou aqui contando uma linda aventura! Deu para tirar fotos do Penedo em momentos que sentia que podia fotografar sem correr o risco de ter o celular  furtado/ roubado.  Já fui vítima de violência desse tipo, o que me fez ficar  cautelosa e também com  um medo absurdo de se aventurar por aí! 

Eu, minha bike e o Penedo


Na descida do Penedo, para quem gosta de escalada, são 70 metros num rapel positivo, que é quando o nosso pé encosta o tempo todo na pedra. Nesse momento vale até fazer a pose para a foto e deixar registrado esse momento de conquista de uma das pedras guardiãs de Vitória.

Foto do Jornal A Gazeta na escalada no Penedo



Uma montanha e diversas lendas

Antigamente, quando o acesso à ilha era somente por barcos, os marinheiros acreditavam que, ao atirar moedas no rochedo, um desejo poderia ser realizado, porém, as embarcações não podiam se aproximar do penedo, pois poderiam encalhar.


Era praticamente impossível acertar qualquer objeto nas pedras. Quem conseguisse realizar o feito, podia, então, fazer um pedido.


Eu mesma pude conferir como o mar é bravio na altura do Penedo. Tem uma corrente de água e parece ser de uma grande profundidade.



O mar parece muito profundo na altura do penedo




Em outra versão da história, o nome dado ao monumento é Pedra da Batata. Nesta lenda, os pescadores e donos de embarcações juravam que se batatas não fossem jogadas nas rochas, a pedra poderia engolir os barcos, como maneira de represália.

Existe também um mito que conta que no interior do Penedo existe um gênio bondoso aprisionado. Ele teria se exilado lá dentro por ter ficado horrorizado com a matança dos índios, feita pelos portugueses. Esse gênio realizaria também desejos a quem conseguisse atirar rosas no pé da montanha. Eu até que gostaria, mas o local tem uma energia absurda e consegui rapidamente captar o meu momento mágico de encontro com o Penedo bem de pertinho:

 


Ademais, veja  como é linda essa lenda registrada no Site Morro do Moreno:



Quando o Penedo falava – Por Maria Stella de Novaes
Folclore e Lendas Capixabas 
Publicada em 23/12/2021 por Morro do Moreno

Penedo - Acervo: Edivaldo Machado Lima

Recordava-se uma velha escrava do que lhe contaram, na infância: — Muitas vezes, na quietude das ondas, na calma da brisa, ouvia-se a melodia dos sons de um búzio encantado, instrumento soberbo de um gênio residente, num misterioso palácio, oculto no Penedo. Em determinadas horas, fendia-se o rochedo, como talhado pelo relance de um raio, ou espada invisível de um titã. Logo, o vulto, semelhante a um príncipe intrépido e formoso, caminhava sobre as ondas, chegava à praia belíssima, ainda intata, pela ausência da civilização. Tomava o búzio lindo e refulgente, na irisação de sua madrepérola, e desferia música suave, harmoniosa e enlevante!

Alguém, certo dia, ouviu-lhe a história — Gênio bom e manso, fora enclausurado, no coração da pedra, para assistir a todos os triunfos e todas as amarguras da Terra Espírito-Santense. Conheceu, assim, as primitivas tribos, em completa selvageria, errantes, na opulência maravilhosa da floresta. Chegaram as naus lusitanas, na ambição das explorações e, depois, a caravela "Glória", trazendo um Donatário, para dominar os índios, verdadeiros senhores da terra. E aquele vulto misterioso assistiu à trucidação dos silvícolas, às investidas dos franceses e holandeses, ao cativeiro dos africanos, ao apostolado dos jesuítas e outras passagens da História do Espírito Santo. Encerrado, no Penedo, como se fora a alma da sentinela granítica de Vitória, presenciara a tudo, enquanto implorava aos deuses que protegessem a Terra Capixaba, felicitando-a e enaltecendo-a.

E, todas as noites, quando as estrelas cintilavam, o gênio voltava ao seu relato sincero e interessante. Recomendava-lhe, entretanto: Se denunciares a alguém minha existência, nunca mais teus olhos hão de me ver".

Logo, o búzio encantado soltava os primeiros compassos da melodia deliciosa e o vulto afastava-se... Parecia conduzido pelas vibrações etéreas e mágicas... Sumia-se, nos anfractos da rocha.

Fonte: Lendas Capixabas, 1968
Autora: Maria Stella de Novaes
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2015


E a aventura ainda não acabou, fique com meu vídeo inédito onde inseri trechos da minha passagem pelo Penedo ao som da música Reality  do Lost Frequencies feat Janieck Devy. Uma aventura sem igual! Até mais! CLIQUE AQUI NESTE LINK PARA ASSISTIR DIRETO NO FACEBOOK.




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